Encapsulada
na couraça quase impenetrável
da minha pele,
em lenta,
lentíssima voragem,
rolo colinas de lençóis amarelos de algodão.
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Da minha janela cerrada espreitam mil sons.
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Na horizontalidade oca de travesseiro, ouço tudo
ouço sobretudo aquilo que não vejo
cigarras obesas e morcegas grávidas silvam
e arpejam...
e cospem caroços de goiabas azedas
no entreabrir-se do meu portão.
Ouço o fervilhante murmúrio
de uma cerimônia oriental de casamento
com grilos da sorte
a celebrar
os bons augúrios
aos pinotes
esticando as bordas do momento.
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Entremeada
em microfibras,
em crisálida
de almofadas
e edredon
inspiro
e ouço o doce balbucio
das crianças da vizinhança
a ressonar em leves suspiros
de leite e baunilha,
toda a infantil pujança
dos sonhos preciosos
que precisarão de
mais de uma vida para recordar.
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E no instante de mergulhar,
no preciso momento
em que esgarço com um bocejo
o tecido benfazejo do sono,
ouço ainda
a pele
respirar
aliviada
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e algo meio que brota
do nada
em direção
ao sol da manhã
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Bons sonhos, moça.
ResponderExcluirE.
Obrigada, E.
ResponderExcluir;)
Quem quer que você seja...
gostei de tudo, sabe brincar bem com essas palavras tão soltas-soltas.
ResponderExcluircontinue a voar.
Premedito sempre um bom sono ao ver o final de semana chegando...
ResponderExcluirL.
mto bom... em especial como se integram ao clima bucólico as cigarras obesas, que devem mesmo ter uma voz poderosa seguindo a tradição de nomes como angela rorô e fat family.
ResponderExcluirhahahahah
ResponderExcluirCigarras obesas são excelentes contraltos!