Desencaixotando Rita

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terça-feira, 28 de setembro de 2010

Em defesa do desvio do olhar






às vezes
é perigoso olhar.




Em nome das mulheres pretensamente tímidas (eu mesma, um exemplar que enrubesce vez por outra), defendo a arte da esquiva do olhar.
Mulheres tímidas sim, que recebem bem o calor de olhos pousados sobre si, que ousam até, a passos cautelosos sempre, e que dissimulam a própria irreverência escopofílica com os desvios, as sinuosidades ofídicas de um olhar que se refrata em viés. Que escapa ao outro.

Falo, veja bem, de um direito inalienável de ser arredia aos olhos alheios.

Justifico.

Existe poucas maneiras tão potentes de capturar, enredar algo ou mesmo alguém quanto através do olhar. Há quem destrua, há quem seja demolido por um desses, ouvi falar.

Mas nem tanto, nem tão pouco. Não falo de feitiçaria ou magnetismo.
Falo mesmo do desvio, não da fuga. O que me refiro é o olhar que mira, que contempla, que se assusta e que se ausenta, por decisão.

Aqueles que sabem do que falo, sabem que há sempre o perigo do desmascaramento, quando se trata dos olhos. Um olhar ao mesmo tempo pode desvelar ou encobrir, pode contar histórias e desnudar as palavras mais encapeladas, peça por peça, em seu traje completo a passeio.

Ser olhada sempre esconde o risco





de retribuir o olhar.






Créditos das imagens: Tara McPherson

5 comentários:

  1. gosto dos olhares tímidos, justamente para despi-los.


    quando ao seu comentário, triste, mas as vezes chega ser tão rotineiro com algumas pessoas que.

    beijos.

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  2. Eu confesso que gosto de olhar sem ser percebido.

    Tenho alma de voyer.

    E.

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  3. Sei bem o que é isso... Já fui levada por terra por causa de um(s)... Há olhares que causam algo um tanto fuzilador na alma, e dá pra sentir, com as borboletas no estômago, o calor subindo... Uma certa vertigem. E eu, por minha vez, me deixo um tanto quanto com a alma escancarada... Não sei simular nada, e meus olhos, sei disso, me entregam, sempre. Mas eu gosto disso. Pois como boa ariana, não tenho paciência pra joguinhos dúbios. O clássico "já é ou já era". Flertar, sim. Mas com plenas intenções à mostra. Adoro isso dos olhos. Dá uma sensação de vida, de ser vivente, quando ocorrem certas trocas de olhares, que podem ser, às vezes, decisivas de muitas coisas.
    E quanto a Eros e Tânatos... Sim, sei...

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  4. Preciso revisar melhor esses textos. Acabei de ver um erro de concordância... nhé.

    Bem, E., que você tem alma de voyer não foi exatamente difícil de perceber. =P

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