Desencaixotando Rita

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sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Poema aeroplano

sob
nuvens
densas e poligamas
a noite
emerge contigua

a cidade talhada em bronze
- suas ruas de cobre,
pedrarias e cetim;
quarteiroes inteiros de marfim -

desaparece

meu rosto gelado
se recosta
ao retalho envidracado

de ceu

pela janela obliqua
observo
a palida lua de dezembro
minguar
sob um espesso veu

a bordo,

no curso de sete longas horas
adormeco
por alguns breves momentos

mas logo acordo
com aeromocas turquesas
e escarlates
anunciando o desjejum,
despejando
na desordem da bandeja
fumegantes xicaras de cafe
e chocolate
sem cuidado algum

espio,

enfim,
ainda aninhada em
caxemira de Turin,

o estreito fio de sol
se esgueirar dourado
pela janela da manha

costurando um velha cidade:
espirais inclinadas e antigas
torres alemas
diante dos meus olhos
nublados
de sono e avela.

3 comentários:

  1. Feliz ano novo e belo poema (sem acento). Mais belos ainda são os olhos de avelã nublados de sono.

    E.

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  2. Ainda não tinha lido esse poema. Levei um momento pra acreditar que era você quem tinha escrito.... rs
    Lindo..

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