[ isso é o ensaio de algo? ]
, você me pergunta na porta
do quarto - os hiatos
em meu discurso abertos à tua
observação, ao teu toque ruidoso.
centro e margem dispostos,
como num jogo de tabuleiro
e eu peço um tempo para responder,
pois não sou boa com cenas, com cri-
anças ou fogões, você sabe e sorri teu
sorriso netuniano. eu meio que desvio
o olhar e busco, nas paredes de cal,
por um orifício, um traço que turve
o teu corpo solarizado, bruto,
logo você me pergunta, irisado
de repente:
[ mas isso, isso tem nome? ]
não, eu digo.
volto-me para a cama, desolada, pois
estes lençóis freáticos de crisálida
em desalinho, desaguam
no mar
e não retornam jamais.
e esse é o ponto angular
da tua célula terrorista, amor,
cá estamos a lutar pela terrível liberdade
de bater os dentes , tremer de fome,
sede, amor, hipnotizados
[ e agora, ainda é um ensaio? ]
pela oportunidade
de morrer, amor,
de morrer de medo.
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