Desencaixotando Rita

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segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Tempo de desencaixotar I

Abrindo o meu fotolog semi-falecido, acho este texto de 02 de novembro de 2007.

Um texto manco, típico daquela época de prosear poeticamente. Não sei se estou bem curada disso não, aliás.

[Só me dei conta que doisdenovembro é dia dos mortos agorinha. Enfim]:

Ela levanta de uma noite de hálito quente, um contínuo abafado.
Acorda suada, e para além dos lençóis grudados, da camisola que abrasiva, invasiva se encosta, enroscando-se contra o corpo, ela acorda e, de fato se levanta.
Ela levanta, mas ainda não, ela tropeça, manca e as paredes tonteiam-se. O mundo ainda não tomou o lugar devido de sempre.
Há algo fora do lugar; as paredes não estão firmes, ondulam e se curvam, como numa mesura.
E esse chão? Esse chão não estava aqui ontem - ela pensa.
Ontem havia chão. E hoje, o que há senão uma horizontalidade estranha e árida, tacos, apenas tacos. Um tanto sujos os tacos, e frestas, e talvez algumas pulgas, e restos.

Os móveis. Os móveis não estão no lugar - ela tateia com mãos longas e inábeis por entre o que até então lhe era familiar.
E nesse exato momento, momento de escova de dentes e água no rosto, momento em que um banho frio se insinua como um bálsamo inócuo, mas ainda, quem sabe, uma espécie de alívio, o espelho sugere um sorriso branco, espumoso e olhos apertados. E olheiras profundas.
Então ela descobre que hoje a tristeza marcou território, marcou os olhos e encurvou os ombros.

Apenas isso, acordou triste.

3 comentários:

  1. Triste por que, moça bonita?

    E.

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  2. Também pretendo olhar meu antigo blog. No meu caso, sei que renderá umas boas risadas!
    Bom dia! (e bom resto de semana!)=)

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  3. Resgatar antigos textos sempre rende algumas risadas, Ju... ;)

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