sexta-feira, 8 de outubro de 2010
A solidão dos números primos
Dirigido por Saverio Costanzo, o longa italiano "A solidão dos números primos" é, na verdade, uma adaptação do livro homônimo do jovem escritor Paolo Giordano, de apenas 28 anos e já ganhador de dois dos prêmios literários de maior peso na Itália: o Stregga e o Campiello (recebeu menção honrosa).
O filme, que teve exibição em algumas salas no festival do Rio, tem previsão para ser lançado ainda em 2010 e tem a atriz Alba Rohrwacher escalada para viver a personagem Alice adulta e o ator Riccardo Scarmarcio para encarnar o atormentado Mattia. O roteiro do longa-metragem foi adaptado em parceria com o próprio Giordano. Ao lado, a foto do escritor.
O filme traz um narrativa entrecortada, com várias elipses temporais e flashbacks, e que aos poucos, vão dando contorno à história de Alice, uma jovem desengonçada e manca, com um passado traumático e de Mattia, um brilhante rapaz, que guarda consigo um segredo pernicioso. Os dois personagens se encontram e se desencontram ao longo dos quadros, e seguem suas vidas por caminhos áridos, por vezes tortuosos e auto-destrutivos.
O ritmo da primeira metade transcorre de maneira mais fluida, pois o retrato que é feito pelo diretor sobre o difícil universo infantil no qual se inserem Mattia e Alice é bastante comovente. As cores são belas, os atores jovens e mirins bem expressivos e a câmera tem uma precisão epidérmica, aproximando-se na tentativa de captar as nuances das densas relações familiares e dos conflitos subjetivos que estão em jogo.
O terço final de "A solidão..." peca por uma quebra de ritmo: as sequências se tornam mais longas e arrastadas e os personagens perdem um pouco da carga expressiva que os marcara até então. Mattia e Alice parecem um tanto anestesiados diante do rumo descarrilado de suas existências. Ela, uma fotógrafa com um casamento desfeito, perigosamente anoréxica e ele, um físico premiado, sem qualquer espécie de vida pessoal.
Dois números primos divisíveis apenas por um e por eles próprios.
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Fiquei curioso para assistir.
ResponderExcluirabçs,
E.
Adorei o nome do filme... Fiquei curiosa também. E que ator gatinho, hein... rs.
ResponderExcluirBeijos, querida. Avise-me quando estiver mais tranquila, para nos vermos. =)
Gostei da apresentação, e pelo anuncio, no parágrafo final, do pecado cometido pelo filme, assumo minha condição de seguidor do seu blog e não irei ver o filme ;P
ResponderExcluirbjs
ps: o texto é bom, mas eu prefiro as suas análises poéticas ou os textos sobre os seus filmes diários e cotidianos da própria vida sua. A verdade é que não sou um bom leitor de resenhas, sempre acho que estão me querendo vender alguma coisa ;O
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirqueremos atualização!
ResponderExcluirheheheh
ResponderExcluirBem, a fatigada dona do blog está ligeiramente surtada com a iminência de uma certa prova de mestrado... ;)
Não apenas está carecendo de palavras poéticas ou mesmo publicáveis como também bem preocupada com a ridícula escassez de palavras de uma forma geral.
Ontem, por exemplo, esqueci a marca do meu próprio relógio. O mais perto que consegui chegar foi 'swartz'...
No fim de semana usei 'inundar', querendo dizer 'transbordar'...
E incrivelmente, fez uma bruta diferença.
A verdade é que esta última semana estou no meio de uma peleja com as palavras. E vou te dizer que até agora estou em séria desvantagem.
Espero que amanhã o jogo se reverta.
;)