Afinal sucumbi.
Já foram alguns anos cogitando fazer um blog. Puxando pela memória, pelo menos uns quatro ou cinco que alguns amigos queridos e pessoas próximas insistem recorrentemente para que eu faça um.
E eu torcendo o nariz - no auge da minha nem tão pseudo-introversão - diante da possibilidade de me ver lida por pessoas estranhas.
É, me expor sempre foi um tanto tenso.
No entanto, para minha surpresa, é cada vez menos. A idéia de publicar no espaço virtual (ou mesmo em outros espaços) se torna cada vez menos distante e nebulosa. Tanto que aqui estou.
E então, inspirada pela minha paisagem interior imediata (e o que é pior, a exterior também), eis que surge este 'Encaixotando Rita', cujo objetivo último e existencial é paradoxalmente desencaixotar textos, idéias e, em última análise, com sorte, quem sabe eu mesma.
Se me encontro no presente e atualíssimo momento, cercada - e cerceada - por caixas, malas, recém-mudada de apartamento, acampada em um quarto ainda inóspito, a verdade é que essa paisagem estranhamente já me acompanha há tempos.
Estou quase sempre pronta a partir. Geralmente ao meio, mas esses são pontos sobre os quais é melhor silenciar. Por ora.
Afinal, ainda é novo para mim isso de desencaixotar.
Sou praticamente uma virgo intacta na arte de me deixar devassar. Literariamente, quero dizer.
Virtualmente, quero dizer. ;)
Mas me referia neste caso a mudar de endereço. Partir nunca foi fácil. Longe disso, sequer as mudanças singelas de bairro o foram e tampouco as mais drásticas, as de cidade.
Contudo, não fui poupada. Não sendo fácil, teve de ser difícil. E foram várias as vezes.
Cinco vezes, seis vezes não foram suficientes para fazer com que eu me acostumasse. Duvido que algum dia quinze sejam.
E cada mudança cobrando o seu quinhão. Móveis, memórias, livros, discos, maridos e pedaços significativos da minha história.
Algumas perdas incontabilizáveis. Entre mortos e feridos, ficaram as caixas. Algumas ainda lacradas, outras já abertas, aguardando o meu olhar.
Curioso.
Dou-me conta agora de que os textos engavetados, os livros, os cadernos apinhados de manuscritos semi-ininteligíveis em letra cursiva e retorcida, que já me acompanham nestas errâncias há anos, foram desencaixotados. Todos eles.
Um sinal?
Talvez bons auspícios estejam reservados a este blog.
Enfim.
Lanço a mim mesma o desafio de me desencaixotar.
Tá levando caixote. Tá se dando caixote.
ResponderExcluirdá pra encaixar melhor, é só torcer as bordas e obrigá-las a te dar espaço.
sai dizendo 'dá licençÁ!!, Tô passandÔ!'
Pisa na gata!
É, torcer as bordas é meio difícil. Pisar na gata é seu departamento. =P
ResponderExcluirCaixotes...