essa é para você,
que permanece
em revoada, debatendo-se
no telhado, porque sabe
[e eu sei] que voou demasiado
alto. tenho um poema cheio
de estrelas fixas e nenhuma
ideia de como seguir a vida.
você equilibra-se a custo
na crista, como um jovem
netuno precocemente envelhecido
e nós sabemos que isso é mais um
dos seus prodígios. você voa alto,
e tem mar no início e eu estou à procura
do teu poema fundamental, da ideia que
brilhe no escuro, que salve tuas asas de um
arremate prematuro, trágico. talvez eu precise
de ajuda. tenho escrito como sonâmbula, possuída
de uma pequena loucura, com alprazolam, sob efeito
de uma engrenagem que é tua. estou à procura
da ideia original, o experimento magnético que
polarizou nossas cargas tão explosivas e
essa é para você, que bate de encontro ao telhado,
porque voou demasiadamente alto. porque o teu
nome tem mar no início e enquanto decidimos,
costuro uma saia de bailarina e pinto as unhas de
vermelho, porque isso sempre é um alento e eu
prometo que a grande ideia virá, como virão
as estrelas no meu antebraço e os naipes de baralho
nos pulsos.
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