Desencaixotando Rita

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quinta-feira, 10 de junho de 2010

10/06/10

Há algo impronunciável. Uma língua perversa e obsoleta que não compreendo.
Demônios de linguagem inexorcizáveis, que dobram-se em pérfidas gargalhadas e murmuram cantilenas picantes. E assoviam sortilégios antigos e aziagos de fadas más e extintas.
Há algo que se agarra. A palavra proibida que sequer pode ser articulada, que se enrosca pelos músculos tesos da minha língua paralisada.
Margeio então pelas bordas devastadas da impronúncia, duvidando, desconfiando de tudo.
Dispenso o sentido como faria uma rainha ímpia e impávida, como se nem me importasse.
Há o precipício e o caminho da fala - o melhor dos artifícios.
E entre eles: o império subterrâneo do intervalo, para onde migro.
Até que enfim, eu reconheço. Lá vem o esmorecimento da resistência, o desassossego elevado à potência paroxística e a ausência quase completa de movimento. O silêncio.
O torpor lento, mas tenaz do esquecimento e por fim, a dissolução em aquarela de todos os contornos.
Um exílio de linguagem onde me encontro.

Um comentário:

  1. Não pode estar tão exilada se conseguiu escrever.
    O seu 'exílio' terminou no momento em que construiu o seu texto, moça.

    E.

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