Desencaixotando Rita

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quinta-feira, 14 de outubro de 2010

histeria cotidiana no fim de tarde

em tempos de surto pré-prova de mestrado, as palavras se fecham feito ostras.
não pronuncio. nada. há dias.

desestoquei um mundo delas nos últimos meses. e fugiram assustadas.
não as culpo.

mudas, elas ficaram.

me lembram as histéricas de freud. belas e indiferentes, convertendo tudo no corpo.
palavrinhas erotizadas percorrendo as bordas incontornáveis do corpo.
paralisando um braço aqui, criando uma tosse nervosa acolá.
invertendo a própria língua. e desviando o olhar.

eaminhalínguaenrola. nada.
não pro-nun-ci-o.

o coração pulsando no estômago. o estômago escalando os nós da garganta à procura de ar. algo. algo definitivamente fora do lugar.
a voz, um fiapo. um bal-bu-ci-o.

agora me lembro sim. de umas palavras.
a mais dissimulada manifestação de histeria que já passou por mim. foi no ano passado.
era um embuste. meu, diga-se de passagem. havia um convite. assim, meio enviesado. enganchado entre os versos, à minha própria revelia. a escapulir. sim. arremessado por mim, e cuja autoria não reivindico. e ainda desminto. favor, não insistir.

aí vai.

só um minuto.

aí vai [enrubescida], a celebração. a prova cabal da minha própria histeria e desfaçatez. o convite sorrateiro que eu fiz e não reconheci. o verdadeiro motivo da minha viuvez. as palavras que torceram o seu sentido. aquelas danadas. lá vem de novo a emboscada.
era uma vez...

5 comentários:

  1. Se eu tivesse que escolher entre ser homem e mulher,
    seria mulher.
    Se tivesse que criar uma mitologia, inventaria uma deidade oceânica para ser - talvez uma sereia,
    ou uma serpente marinha até.

    Se tivesse que ser uma doença,

    seria uma letal

    Um infarto fulminante do miocárdio
    ou um derrame cerebral

    Se eu tivesse que ser
    qualquer coisa,
    seria uma poesia.
    Se fosse um instrumento,
    seria de sopro -

    uma flauta doce, doce
    ao alcance da boca.

    Se eu pudesse ser você, não hesitaria. Nem um momento sequer.

    E se fosse uma bandeira, seria vermelha. Perigosamente flamulante diante do avanço dos chifres de um touro enfurecido qualquer .

    Se eu tivesse que matar alguém, usaria facas.
    E saltos retorcidos. Um esquartejamento na forma de tripé.

    Se tivesse que me vender, cobraria caro.
    Muito caro.

    Por fim,
    se eu tivesse que ser uma palavra,

    não seria qualquer uma.

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  2. Essa poesia é sua??? O.O
    Achei linda. Linda.

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  3. putz! sexta a noite, um vinho, queijo e poesia da Rita! demais!
    vou dormir feliz!

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  4. É um convite tentador.

    E.

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