para a tua lua em gêmeos
me assusta a capacidade não domesticada
que tens de acender outros olhos; a parte
escura da tua língua estala ao meu lado
e o corpo relembra dolorido
a forma dos teus cascos
no dorso encoberto dos novilhos.
esse núcleo duro que te consiste
me aliena em diferentes criaturinhas afônicas
e eu cato tuas guimbas para que não sofras
represálias e não te possuo, não te possuo
nem um pouco, sequer conheço a origem
do súbito suor nas tuas têmporas e os gestos
agudamente cirúrgicos - o aguilhão no teu discurso
apontando para mim.
como computar o que se subtrai? - sem que
o apagamento encubra os olhos, a brasa docilizada
cessa e não te possuo, não te possuo sequer
na memória dos dedos que seguram molhados
o copo de vodca no início dos tempos e o cigarro
que não se fuma nunca: esses pulmões que mal
se abriram gelados para o primeiro fôlego.
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