segunda-feira, 3 de outubro de 2016
"a morte de katherine mansfield"
ana c. está farta:
da materialidade embrullhada do signo
da metalinguagem narcísica dos poetas
do texto de espelho em punho
revirando os óculos modernos
[ana, quero também
a página
apinhada de abajures
a legião antidiluviana
invadindo
pelas margens
mas sem
ocupar efetivamente
o coração
do texto]
mas ana c. deseja
sobretudo
esse enamoramento
letal
por
abismos
anacrônicos
e seu erro planejado de cálculo:
ancoragem ancorar ancorar
ancorar um navio no meio-fio
[o navio encalacrado no espaço]
****************
ou uma sequência interrupta
de naufrágios?
mas há que se considerar
a pausa perigosa
nos pulmões
a pausa perigosa nos pulmões
de katherine m.
como é possível, ana
traduzir bliss
se o estado de graça
há de desembocar
sempre
numa pausa?
tu trocas
a beleza desmedida
da 33a poética
[o desejo secreto
do poema]
pela serenidade
de quartzo
como têm
as saudáveis mulheres campestres
de mansfield com seus rostos lunares
seus braços fortes
o busto substancial
seus rebanhos de ovelha
[as mulheres de mansfield
prontas para a colheita]
as mulheres de mansfield
e a pausa perigosa
nos pulmões
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