quinta-feira, 7 de agosto de 2014
a vida nos vulcões
dizer-te que a tua proposta
de cirurgia é válida, meu amor:
seccionar a simbiose brutal
dos teus excessos e dos meus
me parece menos absurdo
que este hálito dionisíaco, que não se dissipa,
que não se dissipa e me precede, exasperada,
em dobradiças matinais,
quando vens, agitando os braços, italiano
e compacto, sobretudo quando vens, meu amor,
coiceando alho-poró por toda a sala,
ungido por um urano qualquer desembestado,
até o ponto inabalável de fulgor,
um netuno mergulhado em chamas azuis inflamáveis,
invertidas como o arcano dependurado do tarot.
no fundo pode ser simples, querido,
este quinhão trêmulo de carne acesa
no desvão das coxas ensina
a todos que acalentam silenciosamente
um grande tóxico terror íntimo,
o mistério impronunciável do amor.
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