para Julia Bicalho Mendes
por mais que
que essa carne robusta
seque ao sol, por mais
que essa penugem dourada
te cubra dos pés a cabeça,
sabemos
qual o teu elemento
de donzela pré-rafaelita
anacrônica,
como o sal e o amor o são.
teus sonhos de ofélia
permanecem
marítimos,
apenas que agora
escapas ao afogamento.
acalento no peito
um pequeno animal
[esse peixe-pedra
és tu, tão alaranjada]
que sonhas
sob dobras
abissínias
com um azul chagall,
que tranca a garganta
de mergulhadores
com sereias omissas
de oxigênio.
nos pés descalços,
cada vez mais rarefeitos,
na água ou fora dela,
já se percebem
as membranas definindo-se
e, em pouco,
pouco tempo,
essa queimadura
no peito
não terá mais
não terá mais
existido.
não sabe como vem a calhar, cigana
ResponderExcluirestes poemas em pedra
tentando respirar no fundo
entre um hiato y outro
nenhum afogamento
me escandaliza
acordo com facas
na garganta para
te dizer isso
um silêncio atado
de conchas submersas
e varizes submersas
e vozes submersas
todas a emoldurar
o corpo como
um caixão
y nós: a bailar
se pudéssemos bailar
se houvesse música
enquanto os pés
caminham para
dentro das grutas
mergulhada nessa conversa,
ResponderExcluirdesejei ser poema
e me afogar em tanta imensidão!
<3
Linda! <3
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