com o pensamento em 'ilhados', de ismar tirelli neto
gostaria, meus caros, de exibir neurotransmissores
sorridentes pela manhã,
polvilhados com granola e frutas da estação,
mas é que me doem excessivamente os dentes,
as juntas,
e os sentimentos de reconhecimento
espatifam-se como pratos.
é que dói esse ligeiro rastro de pó
pelos trilhos e tacos
até o desolamento dos meus sapatos
à meia-luz, quase escondidos embaixo da cama.
para quem atina aos poetas
desavisadamente:
não há saídas de emergência aqui.
senhores, não há.
senhores, não há.
o fogo existe, mas
não é esperado,
há um plano do qual não se fala
e a verdade é que pode-se estar sob a impressão
da impossibilidade do amor
por uma sombra,
contudo é recomendado não pensar muito sobre isso.
o vento que nos atinge nessas ilhas
é agourento.
não há ipês redentores nas calçadas,
é agourento.
não há ipês redentores nas calçadas,
não se recobre de folhas amarelas o chão,
esse vento sacode as ruas e vielas, os postes de luz
- os poste de luz bem sabem o que os espera.
esse vento diabólico recria
esse vento diabólico recria
um quarteirão inteiro
à minha própria imagem
- este quarto desolado, de iluminação mortiça,
de umidade descendo licorosamente
pelas paredes,
é um pequeno teatro
de morcegos e títeres emparelhados
representando com alguma dificuldade
as suas próprias vidas.
as suas próprias vidas.
e o que temos aqui, prezados?
farelos de self girando como átomos,
farelos de self girando como átomos,
sem a fortuita disciplina de uma molécula,
e tudo,
tudo decanta tão fundo,
por um sentido outro,
que não este,
que não este,
que
não me lembro
de escrever sobre a água
: ela que permitiria
acima de tudo,
o nascimento,
a escansão suave
do grito.
a escansão suave
do grito.
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