deixem a primavera para bandini
e para keats com seus pulmões em colapso
os girassóis para van gogh
e pelo amor dos deuses, se falarem de andorinhas
que elas sejam radioativas
e não melancólicas
porque aqui não aceitamos mais andorinhas
e nem albatrozes brancos
anacrônicos
apenas os sanguinários
homicidas.
aqui nos movemos
na sombra
e cultuamos
tudo aquilo que é
suavemente
~gótico~
[e portanto
deslocado
nos trópicos]
então desliguem
esse verão
antes que os olhos
se apaguem
anunciação!
ResponderExcluir<3 aninhaaaaaa
Excluiroi estava lendo seus textos sem pressa para não ter aquela velocidade habitual de interpretação -- para ser sincero acho um pouco limitante essa relação de inter praetium -- bonito é quando o autor e o leitor encontram-se com as suas específicas tensões sem o desejo expresso, quando ambos estão desencarnados de si mesmos, livres dos seus habituais pertencimentos... gostei muito do seu texto abaixo e resolvi traduzi-lo, qualquer incorreção ou descabimento sequer publico. Serão publicados com os devidos créditos mais o link para o poema original em seu blogue.
ResponderExcluirum abraço
la passion selon r.p. par rita isadora pessoa [trans. ramonlvdiaz]
j'ai mordu et vu la partie dure
se déplaçant dans l'oscillation
entre magnitude et extinction.
j'ai mordu,
pourchassais tout ce qui reflète lumière, sans
sources d'interférence, sans
assemblage des plans sensoriels,
ce synesthésie oppressif qui déclare
que toute splendeur est temporaire.
je suis mordre l'extrémité de mes doigts,
l'mâchement stratégique des entrouvertes
pages
et par l'été entrant
dans rio de janeiro,
je nécessite de neige comme si
je devais me réveiller d'un rêve excessif,
merveilleux, oui, mais
avec une beauté énorme
des collapsus et des éveillés volcans.
j'ai ressenti une compression lente
de l'âme, comme si je devais
quelqu'un petit, en diminuant progressif
millimètre par millimètre, encore
en gardant toutes les proportions,
comme un nain liliputien de Rosa Montero,
en attendant la disparition éventuelle.
"c'est une erreur", c'est ce que vous dirais,
et je suis toujours en attente,
j'attends que tu me dises
"oui, vous vous trompez", mais je ne le suis pas.
oui, de petites surprises brûlent le lendemain,
mais je ne me trompe pas:
j'inventerai un autre nom pour ce qui meurt
aux tournants décisif et renaître en êtres diffus, sans
Peau, sans conscience de la métamorphose qu'il garde
pour lui-même.
[original]
mordo e observo partes duras
movendo-se na oscilação entre
luminosidade e desaparecimento.
mordo,
em busca de algo que reflita luz, sem
pontos de interferência, sem
sobreposição de planos sensoriais,
essa sinestesia opressiva que anuncia
que toda alegria é temporária.
ando mordendo a ponta dos dedos,
mordendo as páginas estrategicamente
abertas
e a essas alturas do quase verão
do rio de janeiro,
eu preciso de neve como quem precisa
acordar de um sonho excessivo,
lindo sim, mas
com a beleza descomunal
dos colapsos e vulcões despertos.
tenho sentido uma compressão lenta
da alma, como se estivesse me tornando
uma pessoa pequena aos poucos, diminuindo
milímetro por milímetro, ainda assim
mantendo as proporções,
como uma anã liliputiana de Rosa Montero,
aguardando o eventual desaparecimento.
"é um engano", é o que você diria,
e eu ainda estou esperando,
estou esperando que você me diga
"sim, você está enganada", mas eu não estou.
sim, pequenas surpresas ardem na virada do dia,
mas não estou enganada quanto a isso:
hei de inventar um outro nome para isso que morre
na virada do dia e renasce bicho difuso, ainda sem
penugem, sem consciência
da metamorfose que guarda em si.
Uau, que incrível, Ramon! Fico muito feliz com a sua leitura, com o texto traduzido e sobretudo pelas suas palavras generosas! <3 Um grane abraço!
Excluir"porque aqui não aceitamos mais andorinhas
ResponderExcluire nem albatrozes brancos
anacrônicos
apenas os sanguinários
homicidas."
Uau! Que coisa linda esse poema... Que espantosos esses versos!
Obrigada, Teofilo! Fico feliz que tenha gostado!
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