Desencaixotando Rita

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sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Ao homem das mãos de trapézio

A você,
entrego o ouro inconfessável

o enigma de uma existência

nos braços arqueados e largos
aonde, com os dedos
deléveis tatuagens esbocei

eu pouso.

nas mãos de trapézio selvagem

me jogo

faço do átimo o meu picadeiro,
do silêncio, a respiração,
o instante certeiro

e sob a tutela atroz do seu olhar
me desnudo toda em pestanas
sem entremeios

o tigre ou a dama?
- você se pergunta
e se decide pelo primeiro -

na escuridão circense dos prodígios
tudo enfim se esclarece

eu o esclareço

vinte e cinco anos de eclipse
não podem, não podem ser desfeitos

você descobre, homem das mãos macias
e abismais
que eu fui promessa,
como muitas mais

que fui promessa não-cumprida,
como muitas mais.

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