Desencaixotando Rita

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sexta-feira, 30 de outubro de 2015

"sereia blooming blues"



porque é preciso
exercitar a violência
que só uma ideia incorpórea
imprime
ao corpo
-- ricochete que vai de trás
para a frente
em mar aberto, ferida
que espuma pela boca sal
e gritos e gritos     e gritos

no fundo, a vida depende
da coragem de arrancar 
um sorriso tímido dos astros
com um pé de cabra
investigando a malha beligerante
                               na marra:
qual era mesmo o teu formato?
qual a velocidade com que
crescem os ossos?
onde ficou aquela que partiu
antes, antes de todos?

   [que partam todos os raios 
          que partam todos 
   e que ainda assim eu fique
   que eu fique - só e inteiriça 
que seja pernas ou rabo ou nado 
        inspire respire amém ]


para descobrir tarde demais que
a coisa mais triste do mundo
                                 é a pele

que a coisa mais triste do mundo
        não deixa sequer cicatriz



6 comentários:

  1. ultimamente, tenho gastado muito tempo nos teus poemas
    leio uma, duas, muitas vezes
    e se me perco em tantas delas é porque necessito de ar
    e mais tempo

    pra te ler, Rita Isadora, há que se reinventar os segundos.

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  2. "a coisa mais triste do mundo/ não deixa sequer cicatriz" (Isadora)

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