Desencaixotando Rita

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segunda-feira, 19 de maio de 2014

On being the fifth girl

"sendo a quinta garota"

não temos que esquadrinhá-la
[absolutamente]
a quinta garota exibe apenas
forquilhas e ostras imperiosas
nas mãos que gesticulam
em segredo.
quiromantes e astrólogos sugeriram
a arquitetura de um desvio,
mas a verdade é que
a cor que às vezes te visita
frequenta-a sempre
em colapso
e tinge os escombros
em cada um dos ângulos secretos.

há uma vênus furiosa
alojada na quinta casa,
logo depois da suave curva -
imbuída do suave extermínio
das núpcias
sísmicas
e hordas, legiões inteiras
daquelas que a antecedem
na tua linhagem canina.

- não que isso importe.
mas há a dificuldade
dela em fazer cintilar
o traço:
o braço que ordena
a mão
convulsiona os dedos,
arrisca um sulco
feito de pólvora riscada
o punho hirto
de arpão.

ser tua quinta garota
significa não ser a primeira,
tampouco a última:
- não que isso importe.
é que
não há tempo
para donzelas catalépticas
renascentistas.
a cor que te tinge
é a mesma
que a oprime.

ser a quinta garota
é ser pura ironia
de impermanência e dúvida.
a doce oportunidade de ser
promessa pulsante
e queda-livre
[sem dobraduras?]
em mergulho duplo
de irrefreável
velocidade.

[trad. de Isadora P. O original é impronunciável]

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