quarta-feira, 21 de janeiro de 2015
Татьяна/Тетяна/Татјана
eu,
que sempre
comecei tudo
com muito medo,
que comecei
com o pé esquerdo
[porque o teu nome
tem mar
no início
e isso há de provocar
muito medo
nos mais corajosos
marujos de primeira
e última
viagem
e mesmo nas doces
criaturas marinhas
que ouvem nas docas
a tua história
sussurrada em espuma
de ilha]
teu continente
é meu
pequeno combate
e a verdade é que
não era
não havia
nunca havia sido
possível
escrever
: ainda não o é
a dupla caça
de asas retiradas
com precisão cirúrgica
deixam a forma de algo
único
fantasma do que era
promessa,
quando muito.
essa dificuldade
amaciada
do feminino
que me dá
contorno
é pura invasão
de domicílio
circulo
um grito
como a pantera
de rilke,
mas não
muito,
há que sentir
o pulo
em si, de
si -
e sob o som
de discretos
aplausos
a cortina se
fecha
e os órgãos
silenciosamente
voltam
a seus
lugares
porque eu sempre
tive medo
e foi a única coisa
de mim
que tive
[ afora o gato
sentado no peito
e o arpão no discurso ]
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o mar dá mesmo medo
ResponderExcluiry não poderia ser menos do que um combate
nesse tilintar de silêncios amparado pelas conchas
e pelas ondas
e pelos segredos sem contornos de algo tão horrivelmente bonito
e o medo é mesmo
a melhor e a pior angústia
já que estamos aqui, ao menos, agarrados à algo
neste naufrágio impossível
(adoro essa interface poética, nossa, que tempera os dias, abrindo um pouco os poros, né? aliás, quando sairá um livro teu? )
ResponderExcluirmais: gosto muito do contorno dos teus poemas! visualmente falando.
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