faço votos
para que o talho
[a ferida melódica
no teu discurso]
trespasse o teu gesto
no escuro
e afugente de vez
o mal
porque nos fulge
um apelo
ao corpo
cósmico
deste universo de avalanches
que nos cobrem
em gloriosa aventura
de facas de cozinha escondidas
às pressas
e comprimidos,
e chuveiros ligados
e tempestades elétricas
acuadas em apartamentos
de dois cômodos, sem rotas
de fuga.
tenho tido soluços, arrepios
na base da espinha dorsal,
na base da questão.
tenho esperado, com insistência febril
por uma revolução sonar
de decibéis inaudíveis;
tenho implorado re-pe-ti-da-men-te
por um romance policial noir
e pela existência de Norma Desmond
em minha mão
imbuída
de todas
as más intenções.
não tenho certeza se
caibo
nesta pequena vida
que diviso por entre
a janela da sala,
por entre nesgas de compromissos
e heteronormatividades de conduta
e filhos gêmeos - ainda não
nascidos.
ana,
que virar do avesso é, de fato,
uma experiência
mortal.
porque eu preciso da dúvida
: dessa incerteza corriqueira,
[essa sim letal]
sobre a existência de algo
verdadeiro,
sobre a existência de algo
verdadeiro, sobre a existência
de algo verdadeiro
que resista.
sobre a existência que resista
a algo de verdadeiro, euprecisoda dúvida
que resista
a algo de verdadeiro
sobre a existência.
querida, deveriamos emoldurar este poema para dentro da garganta!
ResponderExcluirvou imprimi-lo, desenhá-lo, pintá-lo, em minha casa nova de cigana
a casa cigana a gente carrega nas costas, peixíssima! - atributos dos peixinhos ciganos, caixeiros-viajantes, moças com olhos de lobo e daqueles que vivem nas bordas, no trajeto
ResponderExcluiratraves-sando
atravesse!
Ritinha, que ritmo e como faz pra botar o coração de volta no lugar?
ResponderExcluirAi, Henriqueziño! O coração é pêndulo.
ExcluirEssa eu vou guardar, Rita: "O coração é pêndulo".
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