para um morcego numa sexta-feira 13
é tempo de descansar os braços
e deitar-se sobre a toalha
vem, uma nova temporada
aproxima-se. os animais
retornam
de sua longa viagem
de sombra e vento
vem chegando a nevasca lenta
com pés de nevoeiro
voltados
para dentro
não há mais sapatos na escada.
como tudo haveria de passar, o amor
passou, como tudo haveria de passar
o amor passou por aqui,
mas não há mais sapatos na escada:
o que tenho entre os dedos enregelados
é do tamanho de um punho escuro
sem recuperação.
é tempo de abandonar os braços
e deitar-se sobre a toalha, sem sequer um
movimento. vem uma nova temporada
que mata, mata e os animais retornam
pouco a pouco com suas leves patas
e seus insondáveis planos.
este é com certeza o teu mais lindo e pungente poema, porque vem de dentro da lava, a imagem perfeita que se repete e desola, mas remonta uma coragem incrível e uma sensação das coisas, uma dolorosa aceitação do galope. fiquei pasmo com este. não pode ser o último. este poema deve ser a base do teu livro. bj do seu.
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