Desencaixotando Rita

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segunda-feira, 9 de março de 2015

"supernova"


              tenho contido
             entre os dedos
             uma resolução 
cabisbaixa ante o sono
eis que tenho evitado 
meus próprios olhos
em reflexos 
vidros polidos
cobrindo espelhos 
como se faz após uma morte
                    ou na iminência 
               de  tempestade
                 de raios 
      palavras setas
  galáxias em colapso 

em templos esvaziados  
                  panteões 
em abandono dorsal
um desterro nuclear



é preciso sobretudo saudar
        a colossal quantidade
        de massa 

   concentrada 
em um minúsculo ponto
                    no universo -
nada escapa
à tua força gravitacional
           nem mesmo a luz
nem o início 
      o sentido de todo amor  
            e do mundo inteiro
nem os artistas e os estetas
     os anjos com trombetas



isso tudo indica
que sofremos de
qualidades extintas    aladas 
estrelas em último    estágio
                         de evolução
é bem verdade que
                nêutrons
[tuas palavras agônicas]
não nos                  salvarão
pois        deste sistema binário
                      fechado fecundo
em órbitas    circulares
não se sai com graça
nem de graça



          perceba
   há um preço
 se  uma força 
         aplicada
  a uma massa
  de um corpo
em        r e p o u s o

  é  d e r i v a
tudo há de ser
  impermanência 
    :  m a r 
 do início
 ao   f i m

[ do  fim  ao
   i  n  í c i o ]
    dos tempos

Um comentário:

  1. acho que este flui como líquido seminal estalado entre os panos da nossa cumplicidade, este flui como ovos extraterrestres de novos seres inadaptados e gentis, este flui como o remexo cigano antes da facada punguista, este flui como o buraco que chupa as mazelas e atribui nomes insuficientes às dores de nossas placas, este flui como flui teu olhos que estilhaçam os vidros do memento, este flui em tortos decibéis de paz e expectativa ocular, este flui nas perguntas feitas e das quais queremos a resposta que nos salve, esse flui de uma longíncua ilha de gralhas que, nunca soube, são animais graciosos. este flui anacronicamente tal que se trata de qualidades extintas e que nos cobrem de musgos, este flui na esperança de uma criança grávida com medo de abrir os olhos. este flui enquanto fecho meus olhos agora, e os relâmpagos se tornam carroceis que implodem o círculo de sua beleza numa feroz linha reta.

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