não posso dizer que
ignoro com seriedade
a consciência do medo
nas gengivas
e a eletricidade que alimenta
o corpo venoso brutal
da vergonha porcamente
equilibrada nos joelhos.
como é possível
que a despeito de tudo
as gentes sejam?
que sejam com pavor,
e dentes caninos a mostra,
mas que sejam.
a mim, é impossível
deslizar com graça
por essa existência
de pequenos naufrágios
de impossibilidades rotundas
de quebra-mares.
ouço um fino assovio
que assegura
o cativeiro de muitas feras
nos porões deste navio
e sei dos rumores
instalados, pesando sobre
grossas cordas e velas içadas:
o coração batendo vivo
no fundo desta caixa.
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